O exame toxicológico – que detecta se uma pessoa é usuária de maconha, anfetaminas, cocaína e álcool – está sendo pedido por empresas antes de contratar seus funcionários. Além disso, os testes são solicitados, como rotina, para os funcionários já contratados.
Empresas que atuam principalmente nos ramos de segurança e vigilância patrimonial e transportes coletivos pedem os exames.
Mas há outros setores, dependendo da atividade (o uso de máquinas na área metalmecânica ou de construção, por exemplo), que exigem testes.
"Elas podem solicitar os exames para verificar a conduta do trabalhador. O uso de álcool e de outras drogas pode gerar um risco ao serviço da empresa e às pessoas que estão em torno", comentou o diretor clínico do Laboratório Baptista, Eduardo Baptista.
O laboratório tem 10 empresas como clientes e elas fazem esse monitoramento constantemente. Entre 20 e 30 exames são solicitados por mês durante a seleção de candidatos. Quanto aos exames periódicos, eles já são cerca de 60 no mesmo período. A grande parte (80%) visa detectar o consumo de cocaína e maconha.
"Se o exame der positivo durante a seleção e a empresa considerar o candidato inapto, ele pode entrar na Justiça e alegar que foi discriminado", disse Baptista.
Ele comentou, ainda, que esta é uma situação muito delicada, e a empresa se resguardará de contratar um funcionário usuário de drogas.
"O fato do funcionário ser usuário nunca vai ser critério de escolha da empresa para afirmar que ele é inapto para o cargo. Eles vão inventar uma outra desculpa", frisou.
O diretor explicou que, quando as empresas solicitam o exame durante uma seleção, é necessário que o candidato dê seu consentimento. "Além disso, a coleta é acompanhada, para evitar fraude. Já houve casos em que o paciente trouxe urina de outras pessoas", destacou.
O diretor do laboratório José Furtado Análises Clínicas, José Furtado, concorda com a postura da empresa de realizar o exame toxicológico em seus funcionários.
"Quanto mais exames a empresa fizer, mais ela vai conhecer seu futuro funcionário. Caso dê positivo, se o candidato for um bom profissional, a empresa pode realizar um trabalho de apoio para tentar recuperá-lo", concluiu.
Empresa pode se precaver
O advogado trabalhista José Carlos Rizk Filho explicou que, na Constituição Federal, é preservado o direito à intimidade, mas a empresa tem direito de se precaver contra eventuais problemas relacionados ao uso de drogas e álcool.
"Na relação de emprego, o funcionário se torna a própria empresa. Inclusive, ela responderá por qualquer ato praticado pelo empregado, segundo a lei", frisou.
O advogado trabalhista João Batista Dallapiccola comentou que, quando a lei não exige para o cargo os exames de álcool e drogas, a empresa só pode fazê-lo com consentimento do empregado. "Mesmo assim, há juízes que entendem que nem assim eles podem ser realizados", comentou.
O presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Espírito Santo (Sindesp), Marcos Félix Loureiro, disse que é comum, em empresas de vigilância e de transporte de valores, a realização de exames toxicológicos em seus candidatos.
"Ao entrevistá-lo, se o médico ou o psicólogo desconfiarem de alguma coisa, o exame para detectar drogas e álcool pode ser solicitado", confirmou.
De acordo com Loureiro, as empresas, geralmente, não querem candidatos que utilizem álcool e drogas. "Fazemos também uma análise do passado do candidato, para saber se ele tem condições de exercer a profissão, até porque eles trabalham armados", destacou.
As empresas monitoram, também, o uso de álcool e drogas no exercício da profissão. "Não podemos demitir o funcionário após descobrirmos que ele é dependente químico ou de álcool. Buscamos o que ele tem direito, como um tratamento e ajuda de psicólogos", frisou.
O diretor-presidente do Grupo VSG Vigilância, Ladislau Paulino Campos, confirmou a prática e comentou que a lei federal 7.102 solicita os exames médicos, físicos, psicológicos e escritos. "Mas se houver necessidade, pedimos exames de sangue e urina para detectar o uso de drogas", explicou.
Como são feitos os testes
Para identificar a presença de:
Anfetaminas (substâncias encontradas em medicamentos para emagrecer e anabolizantes): O exame é feito através da urina e o resultado sai em até três dias úteis.
Maconha: O exame é feito através da urina e o resultado é divulgado em até três dias úteis. A substância é detectada quatro horas depois de seu consumo e apresenta-se positivo na urina até 10 dias após o uso.
Etanol (álcool): O fígado do paciente, ao ingerir bebidas alcóolicas, tem o metabolismo alterado. O que o órgão não consegue metabolizar é retido no sangue. Assim, ele é detectado através de bafômetro ou exame de sangue.
O resultado é divulgado em até três dias úteis. Dependendo da quantidade, a substância pode ser encontrada no organismo até uma hora após o consumo.
Observação: Cada exame custa, em média, R$ 50.
Fontes: Laboratórios consultados.
Autor: Seção Notícias
OBID Fonte: A Tribuna - ES
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